sábado, fevereiro 20, 2010

Passaram-se vinte e sete dias desde nossa despedida conturbada, me repreendi pela trilhonésima vez por ter ficado todo esse tempo trancada em meu quarto chorando, então resolvi sair.

Completamente embriagada procuro as chaves na bolsa, tento entrar sem derrubar nada, mas isso é completamente inútil quando suas pernas se recusam a obedecer aos comandos de seu cérebro confuso. Subo as escadas e antes mesmo de alcançar minha cama, desabo no chão e por lá fico, vencida pelo cansaço. A dor cessou, não completamente, mas de uma maneira deliciosa, por toda noite. Já me sinto melhor com a inconsciência se aproximando, quando em fração de segundos desando a soluçar, involuntariamente minha mente traz todas aquelas lembranças que fazem meu peito latejar e ameaçam expulsar meu coração de meu próprio peito. Todas aquelas palavras que foram ditas machucaram ambos, mas ainda perco tempo tentando convencer a mim mesma de que foram pelos impulsos do momento.

Peguei no sono ali mesmo, com o peito doendo agora também pelos soluços. Pela manhã acordo com meu celular tocando urgentemente, mas não estou com a menor vontade de me mover, apesar da dor continuar, me sinto bem ali.
Após algum tempo me levanto com a cabeça latejando e vou cambaleando até o banheiro. Depois de uns quinze minutos ajoelhada em frente ao sanitário, me xingo por ter bebido tanto. Vou até a cozinha, mas meu estômago não suportaria nada naquele momento, então volto para o quarto e tomo um banho. Jogada na cama e encarando meu celular por um tempo que pareceu interminável, mas uma vez resolvo abrir mão e envio pra ele a seguinte mensagem: ''Você sabe que eu te amo, amo mesmo, mas eu não posso mais lutar por você. E sei lá, talvez nós ficaremos juntos novamente, em algum dia. Em outra vida.'' Decidida, me levanto e saio sem rumo, lutando com a verdade e jurando que não voltaria atrás por maior que fosse a dor, um dia ela teria que me abandonar.

Ao chegar em casa, já no fim da tarde, vejo um bilhete colado a porta, com aquela inconfundível caligrafia: ''Eu gostaria de ter te salvado do sofrimento, mas as coisas nunca irão voltar a ser como eram. Desculpe-me, eu não posso ser o seu mundo. ''

Nota do autor: Está um pouco maior do que o de costume, mas acho que valeu a pena.
Música tema: In another life - The Veronicas*

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