sexta-feira, maio 28, 2010

Naturally


Juliet se deitou na grama, ainda úmida do orvalho, o cansaço começava a se pronunciar. Peter continuou apoiado em seus cotovelos, por alguns minutos, mas logo se rendeu e deitou ao lado de sua amada. Ela estava com os olhos fechados e um leve sorriso no rosto - tinha uma aparência tão serena. - Logo Peter reparou que ela havia adormecido. O sono começava a lutar contra suas pálpebras, mas aquela cena era tão tranquilizante que ele poderia ali permanecer, a observando, por toda uma vida.

Poucas horas após, o calor começava a incomodá-los, mas Juliet não sentia a menor vontade de abandonar aquele pequeno paraíso, onde se encontrava, para enfrentar o pequeno inferno que a esperava na escola. Ali era tudo tão calmo. Peter falava pouco, mas sempre na hora certa. Ela por sua vez apenas o observava, enquanto desejava que aquele amor durasse para sempre, assim como nas histórias que lia quando pequena. Com Peter não era preciso fingir sentimentos, eles apenas apareciam naturalmente. Ela nunca se sentia só, quando ao seu lado.

-Amo-te afim, de calmo amor prestante. E te amo além, presente na saudade. - Começou ele, mais uma vez quebrando o silêncio. - Amo-te, enfim, com grande liberdade, - Continuava, declamando lentamente uma estrofe de seu poema preferido, enquanto ela ouvia e sentia aquelas palavras que também já tinha decorado. - dentro da eternidade e a cada instante. - Novamente calou-se e continuou olhando para o céu. Fizeram-se mais alguns breves minutos de silêncio, e então Juliet o quebrou:

- Amo-te como um bicho, simplesmente de um amor sem mistério e sem virtude, - Ela continuava o Soneto do Amor Eterno. - Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde, é que um dia em teu corpo de repente hei de morrer de amar mais do que pude. - Finalizou.

E por ali permaneceram, sem se preocupar em falar ou pensar em voltar para casa, pelo menos naquele dia. Afinal, a única pessoa que sentiria verdadeira falta de Juliet era quem, aquele momento com ela compartilhava.

Nota do autor: O Soneto do Amor Eterno é de autoria de Vinícius de Morais.

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